714 - TJSP. Direito do consumidor e bancário. Apelação. Ação declaratória de inexigibilidade de débitos c/c indenização por danos morais e pedido de tutela de urgência. Sentença de improcedência. Insurgência da autora. Recurso provido.
I. Caso em exame
Recurso de apelação interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos de declaração de inexigibilidade de débito e indenização por danos morais, relacionados a uma negativação indevida em seu nome por um débito que alega não ter contraído.
II. Questão em Discussão
A questão em discussão consiste em: (i) validade da assinatura eletrônica do contrato; (ii) prova da contratação do empréstimo; (iii) caracterização de danos morais.
III. Razões de decidir
Preliminar de cerceamento de defesa afastada. Suficientes os fundamentos do convencimento. Produção de provas desnecessárias. Juiz que tem o dever poder de indeferir provas quando os elementos constantes permitirem o seu julgamento. Inteligência do art. 139, CPC. Mérito. Fraude na contratação de empréstimo pessoal evidenciada. Foto da biometria facial grosseiramente divergente da parte autora, em comparação com a identidade, além de telefone e e-mail diversos. Ônus da prova. Instituições rés não se interessaram pela produção de prova pericial. Ausência de demonstração de existência e validade do negócio jurídico. Tema 1.061/STJ. Ônus probatório, do banco, de comprovar a autenticidade da assinatura do contrato, do qual não se desincumbiu. Relevante verossimilhança da versão dos fatos da inicial, corroborada por documentos. Fortuito interno. Aplicação do que disposto na Súmula 479 do C. STJ. Responsabilidade civil de natureza objetiva do réu. Dever do réu de garantir a segurança dos serviços prestados. Danos Morais caracterizados, uma vez que houve inscrição do nome da autora em órgãos de proteção ao crédito em decorrência de débitos indevidos. Fixada a quantia de R$ 5.000,00, considerando a gravidade da situação e a repercussão na vida da autora. Inversão do ônus de sucumbência.
IV. Dispositivo e tese
Recurso provido.
Tese de julgamento: «A existência de elementos que comprovem o vazamento de dados bancários sigilosos à criminosos, aliado ao risco da atividade exercida, além da inexistência de excludentes, incorre na responsabilidade objetiva da instituição financeira para reparar os danos patrimoniais e extrapatrimoniais causados ao consumidor.»
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Dispositivo relevante citado: CDC, art. 14; CPC, arts. 139, II, 370 e 429, II; CC, art. 927.
Jurisprudências relevantes citadas: STJ, Tema 1.061, REsp 1495920 DF; STJ, Súmulas 297 e 479; TJSP, Apelação Cível 1140063-49.2023.8.26.0100, Relatora Maria Salete Corrêa Dias, 20ª Câmara de Direito Privado, j. 08/11/2024; TJSP, Apelação Cível 1037992-72.2023.8.26.0001, Relator Álvaro Torres Júnior, 20ª Câmara de Direito Privado, j. 25/10/2024; TJSP, Apelação Cível 1002396-86.2023.8.26.0337, Relator Correia Lima, 20ª Câmara de Direito Privado, j. 01/06/2024
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